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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os outros em mim!

Recebi esse texto de uma amiga, fiquei pensando como a gente precisa do outro, não é? Quantas coisas boas aprendemos com um "outro"em nossa vida.
Desejo que ninguém fique sem esse outro...
Deleite-se um pouco....


"Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia:
- 'Pai, começa o começo!'.
O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.
Meu pai não mora mais comigo. Moramos em cidades diferentes, pois minha escolha de vida assim conduziu e há anos não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, 'começar o começo' de tantas cascas duras que encontro pelo caminho.
Hoje, minhas “tangerinas” são outras. Preciso 'descascar' as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas com a comunidade, o esforço diário que é a construção da vida religiosa, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de ajudar crianças, jovens e adultos a serem realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis...
Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido por meu pai quando lhe pedia para 'começar o começo' era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre, nunca se afasta e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.
Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus:
'Pai, começa o começo!'. Ele não só 'começará o começo', mas resolverá toda a situação para você.
Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos pela frente. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: 'Pai, começa o começo!'. (autor desconhecido)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O QUE SIGNIFICA A FRASE "NO FRIGIR DOS OVOS"

Recebi da minha prima, não sei de quem é a autoria, mas serve para aprender a rir um pouco. 

                  O QUE SIGNIFICA A FRASE   "NO FRIGIR DOS OVOS"

Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil !

Como a língua portuguesa é rica em expressões! Divirtam-se
Achei interessante, porque demonstra o quanto o vocabulário "alimentar" está presente nas nossas metáforas do dia-a-dia. Aí vai.

Pergunta:

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?

Resposta:

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.

Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar o macarrão, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.

Entendeu o que significa “no frigir dos ovos” ???

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fechar as Portas*

Por múltiplas vezes ouvi amigos de meus pais usarem a frase: “em tal lugar há tanta paz que as casas não têm muros e dormem de portas abertas!” Sempre vinha à cabeça a ideia de pequeninas vilas e lugarejos que, de tão calmos, o vento violento era apenas brisa. No meu imaginário eu via uma casinha com janelas pintadas de azul desbotado e paredes brancas com rodapés dando contornos à fantasia. Éh! As portas abertas se traduzem para mim como lugar de paz.
Uma manhã dessas conversando com uma estudante de filosofia que ingressará no curso de Pedagogia ouvi dela a frase que atravessou minha imaginação. Ela disse que, com tanta violência acontecendo nos meios familiares, daqui a pouco os pais deverão trancar as portas dos quartos para não correr o risco de receber a visita da violência nas mãos de filhos que querem “herdar” as riquezas – como ilustram as principais manchetes jornalísticas nos últimos anos.
Bem, o que me leva a escrever não está no fato de ter ou não portas abertas ou contornos anis nas casas, mas no fato de que a violência que ronda e que “cresce em toda grande cidade” está cada vez mais próxima das pessoas, em nosso cotidiano. E sei que os fatores que provocam essa violência são os mais variados e combinados, impossíveis de se tratar em poucas linhas. Porém, pergunto-me todos os dias: aonde essa vida violenta terminará?
Nós precisamos abrir certas portas cerradas! Portas da paciência, da preocupação com o bem-estar dos outros, portas da gentileza, do sentido de solidariedade, que não precisa de tragédias para se mostrar. Também portas da lealdade e da constância que não necessitem de leis canonizadas para oferecer mais conforto à gente da “melhor idade” nos transportes públicos e filas de nossas cidades, por exemplo.
O fim da violência necessitará de muito mais que metáforas sobre portas. O fim da violência precisa de pessoas que lhe imponham limites. Não aprendi nos bancos escolares esta lição, mas sei que o passo necessário para contermos a onda de violência está no fato de impedir que nossa visão egoísta domine e, por outro lado, gerar ações altruístas.
Nossos conceitos não podem apenas se comover com animais ameaçados ou calamidades, precisamos gerar atitudes reais e cotidianas. Deixarmos o dia-a-dia ilustrado com legítimas ações como oferecermos acentos às pessoas idosas e gestantes; não acharmos que cinco minutos não significam nada a um cadeirante que tem vagas prioritárias nos estacionamentos; cessarmos de atribuir pecados aos outros; abandonarmos teorias que menosprezem a sexualidade humana, ou acreditarmos que apelidos sempre alegram seus portadores.
As portas deverão continuar trancadas para os que não possuem as chaves da liberdade, do limite, da ética e da solidariedade (que para mim significa sentir o que o outro sente), dentre tantas chaves desse molho necessário. Não quero propor um comunismo religioso ou metafísico, na verdade precisamos ampliar o conceito de social. Deixando que o indivíduo, peça chave na sociedade, se torne mais que uma parte do somatório, ou seja, a pessoa não é na sociedade um fragmento, mas é parte real do conjunto. E isso fará com que suas ações criem redes e não apenas sejam ações multiplicadas.
Devemos mudar o hoje para a conquista de um amanhã melhor. E essa mudança é gerada na cidadania que pode ter fonte em leis, mas apenas tem vida em nossas atitudes.

Publicado no Jornal Diario de Cuiabá

segunda-feira, 14 de novembro de 2011


O Tempo do Sapo ou da Cobra?
Thiago Godoy
Diário de Cuiabá, 07 de agosto de 2010
Entre os dias 2 e 6 de Agosto de 2010, Cuiabá e algumas cidades mato-grossenses testemunham um grande evento que abrilhantou ainda mais a região, o Fórum IEL de Gestão Empresarial. Um dos palestrantes foi o designer Hans Donner, que foi um excelente provocador de platéia, na minha opinião, com proporções imensuráveis.
A palestra seria um momento motivacional ou para conhecimento da história deste austro-germânico que chegou ao Brasil para ser o melhor designer do mundo (em suas próprias palavras), se não fosse o seu relógio. Isso mesmo. O relógio de Hans Donner mudou tudo em seu Fórum. O relógio em questão chama-se Timesion. Ele deveria ser apenas um novo produto marcador do tempo do designer! Mas não é.
Este que aqui escreve ficou tão impressionado que pronunciei, de ontem (04/07) até agora, milhares de vezes que Donner não está no tempo certo, ele não é de agora, mas está mais adiante que Singapura (o país mais adiantado do mundo, segundo o designer). Os filósofos sobre os quais estudei me deram várias horas de reflexão sobre o tempo (consumindo o meu), mas não me recordo algum que mexesse mais com meus conceitos como ocorreu diante do amante da (Glo)beleza.
O que é o tempo? É conceituação organizada de dados mensuráveis? É sequência? Jean Paul Sartre que me ajude! Porém, Hans Donner fez algo além disso: não conceituou o tempo, mas, ao apresentar seu Timesion, restaurou nossa mais primitiva noção de tempo. Explico.
O Timesion tem como mote principal o fato de que o tempo está inserido no ciclo do dia e da noite, coisa que todos os nossos antepassados já viveram antes de Santos Dummont. Até aí, nada de novidade. No entanto, é exatamente nesse fato que está a inovação. O tempo que conhecemos são números. O Timension não tem número, mas posição, assim como a forma empírica do tempo em nossa vida, pois, quando olhando a sucessão do dia e da noite, nós fazemos a experiência cíclica do tempo. Quando olhamos em nossos relógios, esse tempo não tem ciclo, mas sim saltos (dos ponteiros) ou números organizados numa lógica de convenção. Se eu estivesse numa sala de aula, o meu melhor estudante levantaria a mão e perguntaria “e daí? O que muda? Eu terei de acordar às seis da manhã do mesmo jeito e aguardaria o fim da aula com o mesmo ronco no estômago”.
Mesmo que ele tenha que fazer as mesmas coisas com o “relógio-sapo” (que tem os ponteiros que pulam) ou com o “relógio-cobra” (que percorre o ciclicamente o espaço) haveria uma nova maneira de rever o tempo, e digo rever porque seria um olhar antigo retomado no presente. O que quero dizer é que nós não mais temos um tempo como apontamento de qualidade dos dias, mas uma angustiante marcação fragmentada que nos dita os passos e amassos da vida.
O relógio-cobra não tirará, por ele, o estresse da consulta a que chego atrasado ou a reclamação do pouco tempo que tenho com minha namorada antes que alguém chegue; não perderei a vontade de elevar minha mão esquerda em direção ao queixo do desastrado atendente que me fez voltar em casa para uma troca de roupa encafezada! Porém, não mais terei 24 horas, mas terei um dia, não mais terei dez minutos para o fim da prova, mas terei a aproximação do fim.
O relógio-cobra é a recuperação da vivência, é a libertação das convenções perfuradas na história. Deixaríamos de brigar com o tempo, de lutar contra o fim do nosso tempo, e teríamos tempo para perder tempo e, depois encontrá-lo novamente. Não desejo ser portador de um dos oitocentos exemplares do Timenson ainda, esperarei 2014 para tê-lo, mas desde hoje quero ter tempo e não ser do tempo. Quero ter um sol que não me faça amargurar a espera do Epitáfio, mas um dia que me faça suar, correr e não me mate em vida!
Temos de recuperar nossa relação com o tempo, deixando a matemática opressora de lado. E, como dizia Berdiaeff, nosso valoroso tempo é o existencial que não se escraviza nos números, mas se deleita na história atravessando o Cronos sem se esvaziar e desumanizar.

Thiago Godoy é filósofo e educador

Poema: Compor

Uma de minhas paixões é a poesia, as vezes me arrisco a algo!


Compor!
Com dor?
Com pudor?
Sob o andor?
Sempre com AMOR!
Nada da vida nasce sem se deixar algo!

A criança deixa o lar do seio maternal
O adolescente deixa a meninice
O adulto deixa o fascínio da descoberta

O poeta, deixa de ser real e se inventa, ou melhor, se deixa inventar
No poema não se é o quem escreve
O poeta é o que a poesia quer que ele seja!

Se for amor, será amante
Se for dor, será pranto
Se for prazer, será sorriso
Se for lembrança, serão passos
Se for sonho, será inconsciente

Hoje não sou mais!
Você é!!!
Somente deixo-me conduzir
...para onde você guiar!

Thiago Godoy (28/09/2011)

Iniciando

Para começar a carreira, vamos dar passo com o mestre!

Seis ou Treze Coisas que Aprendi Sozinho
de "O Guardador de Águas", Ed. Civilização Brasileira.


1
Gravata de urubu não tem cor.
Fincando na sombra um prego ermo, ele nasce.
Luar em cima de casa exorta cachorro.
Em perna de mosca salobra as águas se cristalizam.
Besouros não ocupam asas para andar sobre fezes.
Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina.
No osso da fala dos loucos têm lírios.

3
Tem 4 teorias de árvore que eu conheço.
Primeira: que arbusto de monturo agüenta mais formiga.
Segunda: que uma planta de borra produz frutos ardentes.
Terceira: nas plantas que vingam por rachaduras lavra um poder mais lúbrico de antros.
Quarta: que há nas árvores avulsas uma assimilação maior de horizontes.

7
Uma chuva é íntima
Se o homem a vê de uma parede umedecida de moscas;
Se aparecem besouros nas folhagens;
Se as lagartixas se fixam nos espelhos;
Se as cigarras se perdem de amor pelas árvores;
E o escuro se umedeça em nosso corpo.

9
Em passar sua vagínula sobre as pobres coisas do chão, a
lesma deixa risquinhos líquidos...
A lesma influi muito em meu desejo de gosmar sobre as
palavras
Neste coito com letras!
Na áspera secura de uma pedra a lesma esfrega-se
Na avidez de deserto que é a vida de uma pedra a lesma
escorre. . .
Ela fode a pedra.
Ela precisa desse deserto para viver.

11
Que a palavra parede não seja símbolo
de obstáculos à liberdade
nem de desejos reprimidos
nem de proibições na infância,
etc. (essas coisas que acham os
reveladores de arcanos mentais)
Não.
Parede que me seduz é de tijolo, adobe
preposto ao abdomen de uma casa.
Eu tenho um gosto rasteiro de
ir por reentrâncias
baixar em rachaduras de paredes
por frinchas, por gretas - com lascívia de hera.
Sobre o tijolo ser um lábio cego.
Tal um verme que iluminasse.

12
Seu França não presta pra nada -
Só pra tocar violão.
De beber água no chapéu as formigas já sabem quem ele é.
Não presta pra nada.
Mesmo que dizer:
- Povo que gosta de resto de sopa é mosca.
Disse que precisa de não ser ninguém toda vida.
De ser o nada desenvolvido.
E disse que o artista tem origem nesse ato suicida.

13
Lugar em que há decadência.
Em que as casas começam a morrer e são habitadas por
morcegos.
Em que os capins lhes entram, aos homens, casas portas
a dentro.
Em que os capins lhes subam pernas acima, seres a
dentro.
Luares encontrarão só pedras mendigos cachorros.
Terrenos sitiados pelo abandono, apropriados à indigência.
Onde os homens terão a força da indigência.
E as ruínas darão frutos